A convite do prof. Alexandre, estou aqui para continuar a série de postagens sobre raízes. Agradeço o chamado, professor!
Nesse post "contrariaremos" a resposta da pergunta que originou toda a discussão:
"R possui raiz?"
Na verdade, consideraremos agora o grupo aditivo dos reais, e não mais a reta como espaço topológico (naturalmente, o conceito de raiz é o algébrico, já apresentado pelo Bill em duas oportunidades). Vale lembrar que essa pergunta é a primeira da postagem anterior (aqui).
Então, vamos à solução:
Suponhamos primeiro que (R,+) possui uma raiz (X, digamos). Consideraremo-la um subgrupo aditivo de R, da maneira canônica. É simples de ver que X, com as operações usuais, é um subespaço de R sobre Q (dado qualquer natural q e x em X, existe (a,b) em X×X tal que q.(a,b)=(x,0), logo b=0, e assim a∈X é tal que a=x/q, daí segue da estrutura de grupo que X é fechado por produto por escalar).
Disso segue que X é raiz da reta na estrutura de espaço vetorial sobre Q (o que nos dá mais um conceito de raiz, dessa vez no contexto de espaços vetoriais).
Feito isso, note que se B é base de Hamel de X, B×{0}∪{0}×B é base de X×X e suas imagens serão uma base de Hamel de R. Daí, o problema de achar uma raiz de (R,+) resume-se a, dada uma base de Hamel H de R, encontrarmos um subconjunto B contido em H em bijeção com H∖B.
Para isso, defina o conjunto dos pares (C,f), C contido em H e f:C→H\C injetivas ordenado com (C,f)≤(D,g)⇔C⊂D e g estende f. Esse conjunto satisfaz as condições do Lema de Zorn, logo tem um elemento maximal (B,h). Agora, verifique que (H∖B)∖h(B) tem, no máximo, um elemento, e em ambos os casos de cardinalidades de (H∖B)∖h(B), B é um subconjunto como pedimos no parágrafo acima.
Fim da solução.
É isso aí. Até a próxima vez!